9º EBBC: por uma Ciência Inclusiva e Global
Nesta semana a UnB e o Ibict estão organizando a nona edição do Encontro Brasileiro de Biblioteconomia e Cientometria (EBBC). O evento, que foi idealizado pela professora do PPGCI Ibict/UFRJ, Jaqueline Leta, ganha cada vez mais relevância. A proposta de repensar como medir a ciência é fundamental para que entendamos que as ciências não possuem características únicas. Embora o processo científico seja internacionalmente consolidado, cada área do conhecimento reflete uma forma de atuação das pesquisadoras que estão envolvidas nela, o que impacta no tipo de resultados gerados e na forma como eles são apresentados à sociedade. A coordenação deste evento esteve a cargo dos professores João Maricato (UnB) e Ronnie Brito (Ibict).
O Ibict esteve na mesa de abertura juntamente com representantes da UnB. A professora Michelli Costa fez um resgate histórico do papel da Ciência da Informação no proposta de educação de Darcy Ribeiro e destacou como a biblioteca e o curso de biblioteconomia foram pensados para subsidiar a Universidade com informações e contextos capazes de transforarem a qualidade do ensino.
Muito se falou também da diferença entre a valorização da ciência produzida no norte e no sul global. Pontuou-se como as métricas utilizadas hoje valorizam as ciências praticadas pelos atores tradicionais e já desenvolvidos na geopolítica científica sem que sejam ressaltados os avanços daqueles países ainda periféricos em termos de produção acadêmica. Essa discussão me remeteu ao pensamento de Álvaro Vieira Pinto em seu livro O conceito de Tecnologia, uma obra complexa que discute caminhos para que a ciência e a tecnologia de ponta possam ser apropriados e produzidos no Brasil. Somente assim se abriria um caminho para a soberania nacional.
O EBBC acontece entre dois outros grandes eventos da área, a 76ª reunião da SBPC, ocorrida no início de julho, e a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5CNCTI), que começará no dia 30, próximo. Durante a 5CNCTI haverá a oportunidade de se planejar as estratégias de ciência para os próximos anos no País. É uma oportunidade ímpar de estabelecermos meios para que possamos, finalmente, colocar a ciência enquanto força motriz de nossa sociedade.